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Serpente, escorpião e abelha: os animais peçonhentos que mais matam no país

Serpente, escorpião e abelha: os animais peçonhentos que mais matam no país

 

Serpente, escorpião e abelha são os animais peçonhentos que mais matam no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Entre 2007 e 2017, foram 2.792 mortes registradas em decorrência do veneno desses animais, conforme dados da pasta.

Com estruturas como ferrões, dentes e aguilhões, são consideradas peçonhentas as espécies que têm anatomia adaptada para injetar veneno. Acidentes com esses animais integram a lista da Organização Mundial de Saúde de doenças tropicais negligenciadas.

“São negligenciadas porque atingem a camada mais pobre da população, atinge principalmente cidadãos em condições horríveis de vida”, diz Giuseppe Puorto, biólogo e membro do CRB-1º Região (Conselho Regional de Biologia da 1º Região).

Segundo ele, no caso das serpentes, as ocorrências tendem a ser rurais e acontecer durante o verão. Já ataques por aranhas e escorpiões são mais comuns em áreas urbanas e nos subúrbios das cidades e estão ocorrendo com cada vez mais frequência também no inverno.

Mortes por animais peçonhentos no Brasil – 2007-2017

Serpentes – 1.271 casos
Escorpiões – 975 casos
Abelhas – 348 casos
Aranhas – 161 casos
No Brasil, os profissionais de saúde têm de notificar o Ministério de Saúde assim que atenderem vítimas de animais peçonhentos. A obrigatoriedade visa identificar áreas mais propensas a ataques e traçar estratégias para que eles não ocorram.

Brasil oferece tratamento rápido e gratuito

Puorto afirma que o Brasil é uma referência mundial no tema: o SUS (Sistema Único de Saúde) oferece de maneira rápida e gratuita tratamento para esses acidentes.

“Temos em média 30 mil acidentes por serpentes por ano. Desse número, apenas 0,5% resultam em mortes. O Brasil é um dos melhores assistidos nesse quesito. Nosso soro [antiofídico], é de primeira e chega às pessoas de modo gratuito”, diz Puorto.

Em caso de acidente, portanto, a recomendação é procurar um serviço público de saúde. E para evitá-los, há algumas dicas a serem seguidas. Veja:

Abelhas

Uma picada de abelha provavelmente não mata uma pessoa saudável -a não ser que seja extremamente alérgica ao veneno. Mas o risco é maior quando o ataque é feito por um enxame.

Uma picadinha causa dor que desaparece em alguns minutos, além de vermelhidão, coceira e inchaço que pode durar dias.

Dependendo da quantidade de veneno, as picadas também podem causar: irritação e ardência na pele, vermelhidão, calor generalizado, erupções na pele, pressão baixa, taquicardia, dor de cabeça, enjoo, vômito, dor abdominal e problemas para respirar.

Importantes polinizadoras, existem mais de 20 mil espécies de abelhas no mundo. Elas atacam quando acham que suas colmeias estão ameaçadas – e durante esse ataque, a abelha perde o ferrão e morre.

Ao atacar, as abelhas liberam feromônio que avisa às outras que há perigo. Se isso acontecer perto de uma colmeia, a reação em conjunto pode ser fatal à vítima.

Como se prevenir?

Não mexa em colmeias, mesmo que elas apareçam dentro de casa. Chame os bombeiros ou a defesa civil.

Viu uma ou mais abelhas voando? Não corra e evite caminhar naquela região.

Barulho, perfume forte, desodorantes, suor e cores escuras deixam as abelhas irritadas. Evite em áreas onde há presença delas.

O que fazer se for atacado?

A pessoa que for atacada por um enxame deve ser levada imediatamente para o hospital, se possível com uma das abelhas responsáveis pelo ataque (para identificação do melhor tratamento).

Não tente retirar os ferrões, porque isso vai liberar ainda mais veneno na pessoa atacada. No hospital, os ferrões serão removidos por raspagem.

Aranhas

A picada da maioria das aranhas presentes no ecossistema brasileiro é inofensiva, inclusive a das caranguejeiras, das aranhas de grama ou jardim.

Três delas, no entanto, são perigosas para os seres humanos, segundo o Ministério da Saúde: aranha-marrom, aranha-armadeira (ou macaca) e viúva-negra.

Dessas, apenas a aranha-armadeira é agressiva — é uma espécie caçadora e de hábitos noturnos. Ela se abriga em trocos, palmeiras, bromélias e entre folhas de bananeiras, mas pode se alojar também dentro de sapatos, atrás dos móveis e das cortinas, embaixo de vasos, em entulhos e materiais de construção.

Como se prevenir?

Limpe o quintal, tire o entulho e as folhas secas; apare a grama.

Evite folhagens densas perto do muro de casa.

Sacuda roupas e sapatos antes de usar.

Veja se a casa tem buracos e frestas em paredes, assoalhos ou vãos e tape-os.

Aranhas se alimentam de insetos. Se sua casa tem muitos deles, dedetize-a.

Afaste camas e berços das paredes e tome cuidado para que lençóis e mosquiteiros não arrastem no chão.

O que fazer se for atacado?

Não fure, corte, queime, esprema, nem sugue o local da ferida. Passar folhas, pó de café ou terra no local afetado pode causar infecções. Em algumas regiões do país, existe o mito de que ingerir bebida alcoólica ou tomar querosene cura. Não faça isso – além de não ajudar em nada, pode piorar o quadro do paciente.

Se for atacado por aranha-marrom, aranha-armadeira (ou macaca) e viúva-negra, apenas lave e eleve o local, prepare compressas mornas para aliviar a dor e procure o médico, se possível levando também a aranha.

Essas orientações também servem para picadas de escorpião e cobras.

Escorpião

Trabalhadores da construção civil, crianças e pessoas que passam longos períodos dentro de casa ou em quintais são os grupos mais suscetíveis a picadas de escorpião.

No Brasil, quatro espécies do gênero Tityus são consideradas perigosas: escorpião-amarelo, escorpião-marrom, escorpião-amarelo-do-nordeste, escorpião-preto-da-amazônia. O escorpião-amarelo é o que mais preocupa. As fêmeas se autofecundam, e a espécie se adapta bem no ambiente urbano, se alimentando de baratas, por exemplo.

No geral, as picadas causam dor imediata, vermelhidão, inchaço por acumulo de líquido, calafrios, sudorese e movimentos musculares involuntários. Crianças menores de 7 anos estão mais sujeitas a consequências graves.

O que fazer se for atacado?

Só lave a picada com água e sabão, aplique compressas mornas no local e procure imediatamente o médico, se possível com o animal que atacou.

Serpentes

No Brasil, as serpentes mais perigosas são: jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, comboia, cascavel, surucucu-pico-de-jaca e coral-verdadeira. O Ministério da Saúde as divide em quatro grupos, de acordo com os sintomas que causam na pessoa atingida.

Jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, comboia: dor, inchaço, às vezes manchas arroxeadas e sangramento nos pontos atingidos, na gengiva, na pele e nas unhas. Pode haver grave hemorragia em regiões vitais, infecção e necrose na região da picada. Pode ocorrer insuficiência renal.

Surucucu-pico-de-jaca: os sintomas são parecidos com o do primeiro grupo, mas o ataque desse tipo de cobra pode causar também dor abdominal, vômitos, diarreia e reduzir a pressão arterial e os batimentos cardíacos.

Cascavel: o local atingido não apresenta dor, nem lesão evidente. Há formigamento, sonolência e dificuldade de manter os olhos abertos. A visão fica turva ou dupla e vem acompanhada de náuseas, dor de cabeça, dores musculares generalizadas. Nos casos mais graves a urina fica escura.

Coral-verdadeira: a pessoa não sente dor, mas tem visão turva ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento. Pode causar paralisia nos músculos, caso o atendimento médico não seja feito em tempo hábil, sendo essa a principal causa de mortes relacionadas a essa espécie de serpente.

Como se prevenir?

Proteja suas pernas, isso pode evitar 80% dos acidentes.

Se manipular folhas secas, lixo, lenha, palha, use luvas.

Cobras gostam de locais quentes, úmidos e escuros, portanto, não enfie as mãos em buracos.

Evite acumular lixo, entulhos, madeira, nem deixe crescer mato perto da sua casa.

O que fazer se for atacado?

Lave o local com água e sabão. Mantenha o paciente deitado e hidratado, leve-o ao serviço de saúde mais próximo, se possível com o animal que atacou. Nesses casos, o tratamento é feito com soro específico para cada tipo de picada, conhecidos como antiofídicos, e devem ser aplicados apenas em ambiente hospitalar.

 

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